segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Os riscos à vida alheia


Os riscos à vida alheia

Álcool e direção, uma ideia que precisa ser rejeitada


A atual sociedade global fez uma evidente opção pela utilização prioritária de motos e carros como meios de transporte. Nos últimos anos tem crescido vertiginosamente os números relacionados à produção da indústria automobilística e à adesão das pessoas a este modelo de locomoção.

Ocorre que essa postura mundial, tão bem acolhida pela sociedade brasileira, tem trazido importantes consequências. Dentre elas, possivelmente, a mais grave diz respeito ao elevado número de mortes que têm sido causadas no trânsito. O Brasil, infelizmente, é um dos líderes mundiais nestas estatísticas. Estudos do Ministério da Justiça, publicados no início deste ano noticiam que mais de 8 mil pessoas morreram no trânsito brasileiro no ano de 2008. E pior: O número de acidentes vem sofrendo uma curva ascendente e as vítimas são majoritariamente jovens entre 15 e 29 anos.

Uma vez mais, a solução para o problema vai além da edição de normas ou da exigência da população por providências políticas que venham a minorar os eventos danosos. É evidente que ações governamentais são essenciais e precisam ser implementadas. Contudo, uma postura mais engajada e menos complacente da sociedade, certamente, trará efeitos mais rápidos e efetivos quando o assunto for trânsito.

Por exemplo, quão grande não é a tolerância com relação ao álcool e à direção. É muito comum entender-se como natural que uma pessoa que tenha tomado “apenas uma cervejinha” assuma o volante. Ou porque está “bem e sóbria” ou então porque vai dirigir por “apenas alguns poucos quilômetros”. Chega a ser intrigante a organização, hoje, de uma sociedade tão intolerante com determinadas condutas e, ao mesmo tempo, em relação a determinados temas, ser ela tão condescendente.

Não se pode esquecer que sobre o assunto já foi editada a chamada Lei Seca, que reduziu, é bem verdade, os casos de acidentes carros e motos ligados à ingestão de bebidas alcoólicas, mas que se mostrou insuficiente para colocar em patamares razoáveis o descalabro que ainda existe no Brasil.

Solução definitiva para a questão talvez não haja, é fato. Mas que é possível avançar, também não há dúvidas.

É preciso, portanto, um profundo processo de reflexão e conscientização das pessoas. Sob o ponto de vista individual, é preciso que cada um rejeite qualquer possibilidade de aliar álcool à direção. Já coletivamente, compete à população passar a não tolerar e condenar, de modo veemente, os irresponsáveis condutores que colocam em risco a saúde alheia.

Só assim, com gestos efetivos de cada um e de toda a sociedade, o quadro de banalização da vida no trânsito será alterado.
Paulo André Simões - Prof. Direito Constitucional

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